Normalmente, ao final de cada ano, sempre fazemos aquele levantamento dos números. Quantos shows, quantas cidades, países, artistas e afins. Mais do que ostentação, o objetivo é visualizar o quanto foi feito, já que quando estamos no meio do furacão é difícil perceber, de fato, o que se realiza e quantas pessoas acabam sendo atingidas pelo nosso trabalho. Mas o sentimento de 2020 é diferente.
Sobrevivência foi a palavra-chave desses meses que nenhum planejamento poderia prever. Começamos com tanta energia e estímulo depois de um 2019 de grandes conquistas, porém também entendendo que seria um ano de amadurecimento e novos desafios. Mas quando tudo virou de cabeça para baixo - depois de dias cancelando shows, projetos, lançamentos e tentando entender o que estava por vir - foi como ver toda nossa história se passando na nossa frente.
Como chegamos até aqui? Como vamos sobreviver a esse período? E para onde queremos ir depois dessa reviravolta? Questionamentos intensos, cujas respostas não são precisas. Mas uma certeza, mais do que números, queremos contabilizar sentimentos e emoções que nos levem para frente, que nos motivem. E foi isso que ficou mais claro em meio a esse turbilhão de emoções.
Terapias coletivas internas e com cada artista, empresárias e parceiros foram fundamentais para fazermos um acompanhamento das perspectivas que poderiam nos ajudar a passar por essa crise que, além de psicológica e sanitária, foi econômica para todo o mercado da música, especialmente no “ao vivo”. E essa fatia é a principal responsável pela sustentabilidade do nosso negócio e desses parceiros. Shows online, conteúdos e atividades de formação foram o que basicamente nos sobrou. Com patrocinadores e promotores muito inseguros do que fazer e o que não fazer, o desafio se tornou um misto de inovação com contenção de gastos.
Porém, aqui estamos. Olhando em retrospectiva, foi um ano diferente sim, mas de grandes novas conquistas. Mesmo com muitos erros e dificuldades, foram diversos singles e discos lançados, muitas lives, desenvolvimento do merchandising, o lançamento do nosso selo Let’s GIG Records e muitos conteúdos de comunicação e formação produzidos. Ações coletivas como a Casa:Link, retomada da ABRAFIN; articulação do fórum (A)gente da Música, mobilização pela Lei Aldir Blanc em São Carlos, e uma intensa participação na SIM São Paulo mesmo online. Agora tentamos acreditar que, além de uma vacina, talvez o aprendizado desse período também ajude a nos reerguermos numa perspectiva de médio prazo.
Ainda temos total clareza de que estamos no meio deste período e que uma retomada real só virá algum tempo depois que tivermos a maior parte da população imunizada e com suporte para um novo começo. Mas além de uma pandemia, muitas outras pautas antigas seguem urgentes, necessárias e fundamentais para que o futuro que vamos construir seja mais empático, sustentável, colaborativo, solidário e diverso. E o trabalho da Let’s GIG vai seguir nesse caminho de transformação. Por isso, terminamos com a certeza de que velhos e novos parceiros estão nessa mesma luta e juntos faremos muito mais nessa direção.
Que venha 2021!
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